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Clínica psicológica infantil – Instrumentos de trabalho clínico: Legos e Tangrans

“Um passo na aprendizagem pode significar cem passos no desenvolvimento” Lev S. Vigotski

Legos e Tangrans tem mostrado, cada vez mais em minha experiência clínica, serem ótimos instrumentos para intervenção psicológica na clínica infantil. Isso porque, desde seus formatos (cores, tamanho das peças e espessuras), bem como a funcionalidade de cada um deles, possibilita um largo trabalho de estimulação neuropsicológica e aprendizagem no contexto clínico da Psicologia, além da variada forma pelo qual a criança possa brincar e criar suas brincadeiras. O manuseio das peças ademais, também nos é proveitoso para o trabalho manual (estimulação da coordenação motora fina).

Desta forma, são excelentes recursos para terapeutas – que necessitam criar um trabalho clínico, – bem como para famílias que queiram diminuir telas e ajudar suas crianças a brincarem/criarem com mais facilidade e vontade.

Legos


Os legos podem auxiliar a aprendizagem em dois campos: o subjetivo, emocional e conceitual/escolar e objetivo, as relações sociais.

No tocante ao aprendizado de conceitos escolares, muitas crianças, principalmente aquelas com autismo ou deficiência intelectual, como T21, necessitam de manuseio de materiais concretos para construírem o processo de abstração. Ela vê a peça, por exemplo, e o adulto conduz o conceito a ser aprendido: 1 peça vermelha, número 1, unidade etc.

2 peças vermelhas, número 2, um conjunto de peças vermelhas…

Ensiná-las com estímulos visuais e sensoriais táteis se torna mais proveitoso para ela (criança) que consegue assimilar o instrumento com a ideia do conceito, e assim, memorizar e repetir.

No tocante a aprendizagem afetiva/emocional, a possibilidade de encaixe das peças após pensar em algo (ideia -> manusear a peça) com auxílio ou cia de um adulto [ou até mesmo outra criança caso falemos de oficinas criativas] pode estimular o desejo/vontade da criança. Crianças com quadros ansiosos, por exemplo, podem apresentar vontade reduzida de brincar, ou, sentirem aflição em tarefas que demandam muito tempo para concretizar. Com 3 peças encaixadas, a criança pode imaginar um corpo ou brinquedo, em menor escala de tempo. Com estímulo do adulto, de 3 peças, devagar, pôde-se incluir mais 2 ou 3 e gradamente, a criança vai manuseando. O mesmo para crianças com traumas ou estresse – devido a necessidade de fazer tarefas em curto tempo, o Lego bem aplicado, pode facilitar esse processo de flexibilidade da angústia. Um ponto a ser destacado é a perspectiva emocional da criança; em um processo terapêutico bem aplicado com Lego, podemos trabalhar: confiança, credibilidade, vontade e desejo de imaginar e brincar, e até alegria.

No tocante a objetividade, as relações sociais, aqui, é importante a presença do adulto terapeuta. Pode-se abordar temas sociais como partilha das peças, combinados, trocas no processo de construção do objeto (brinquedo) e a utilização da linguagem, a comunicação reflexiva. Conforme a criança vai se envolvendo com as peças, recorrer a comunicação, ajuda a criança a criar confiança no outro, aqui, o terapeuta.

Tangram

Tangrans são excelentes instrumentos quando o assunto é pensamento lógico e percepção espacial. Como tem por objetivo completar uma figura que é formada por várias peças que se encaixam entre si, a criança é levada a utilizar-se da observação cautelosa do objeto, bem como da possibilidade de combinação dos pares, algo como tentativa e erro, do qual se pode trabalhar insistência, vontade, ânimo, planejamento.

Na clínica psicológica, a importância do observar e pensar é primordial. O Tangram cumpre bem esse papel para ajudar a criança nessas funções psicológicas. Ademais, auxiliar na aprendizagem de figuras geométricas, cores e tamanhos dos objetos (cabe ou não cabe? É pequeno ou grande?).


Para a Psicologia Histórico Cultural o aprendizado e desenvolvimento caminham lado a lado… Na clínica infantil, quanto mais a criança é estimulada e aprende, mais fácil será para ela, no decorrer de sua história, ter consciência sobre os fatos de si e do outro, do mundo e de suas relações. Essa consciência está em movimento com sua cultura, suas contradições e suas superações. A Clínica Histórico Cultural é uma clínica da transformação e da superação compreendidas como um processo social, do qual a criança avançará sempre com alguém, sua família, professores, terapeutas, colegas afins.

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